Retomando o assunto abordado no post anterior vimos que muitas vezes nos encontramos em dificuldades por que nós mesmos vamos até elas. Mas isso muda quando Deus permite que elas aconteçam.
O Senhor permite que nos encontremos em momentos de dificuldades para que entre outras coisas possa provar a nossa fé.
“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então perguntou o Senhor a Satanás: ‘De onde vens?’ Satanás respondeu ao Senhor: ‘De rodear a terra e passear por ela’.
Perguntou o Senhor ainda a Satanás: ‘Observaste o meu servo Jó? Por que ninguém há na Terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.’ Então respondeu Satanás ao Senhor: ‘Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não cercaste com sebe, a ele, a sua casa e tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicam na terra. Estende porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfemas contra Ti na tua face’.
Disse o Senhor a Satanás: ‘Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder, somente contra ele não estenderás a mão’.
E Satanás saiu da presença do Senhor”
Jó 1-6 ao 12
Vemos nessa passagem o quanto Deus se orgulhava de Jó, pois mesmo sendo um homem rico, dedicava boa parte de seu tempo para servir ao Senhor. Isso faz de Jó um homem completamente singular na história, pois não é de hoje que se nota o quanto é difícil ver alguém tão rico servindo ao Senhor tão sinceramente.
Insatisfeito com a situação, Satanás acusa Jó de servir a Deus apenas pelas riquezas, e que se isso fosse retirado da vida dele ele blasfemaria. Deus então permite que Satanás toque nos bens e na família dele, mas mesmo diante do caos Jó teve apenas duas atitudes: A humilhação e a adoração.
“Então Jó se levantou, rasgou seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; e disse: ‘Nu saí do ventre da minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor’”.
Jó 1-20,21
O que se segue é a ira de Satanás contra a vida de Jó. Deus então permite que a saúde de Jó seja tocada, mas a fé dele no Deus Todo-Poderoso continuava firme.
Uma das coisas que mais irritam o nosso inimigo é a nossa adoração sincera, pois o servo fiel vive em adoração, tanto em tempos de felicidade quanto em tempos de tristeza. No entanto, Jó admite que tinha medo de perder os seus bens. “Aquilo que temo me sobrevém e o que receio me acontece (Jó 3-25)”. Veja, mesmo com tanta confiança em Deus ainda restavam dúvidas no seu coração, isso foi perfeito para que o Senhor o colocasse a prova. E com o se não bastasse perder os bens, a família e a saúde, Jó teve no seu encalço três “amigos” que só souberam acusá-lo de pecado para justificar aquela situação.
“Aguardava eu o bem,
e eis que veio o mal;
esperava a luz, veio-me a escuridão”
Jó 30-26
“Tomara que eu tivesse quem me ouvisse!
Eis aqui a minha defesa assinada!
Que o Todo-Poderoso me responda!
Que o meu adversário
escreva a sua acusação”!
Jó 31-35
Depois de tantas acusações e tentativas frustradas de se justificar, Jó entra em um campo perigosíssimo, questionando a situação e desafiando a Deus para que desse a ele alguma resposta.
Mas no final, depois de ter um encontro pessoal com o Senhor, antes de ter sua vida restaurada Jó confessa:
“Bem sei que tudo podes,
e nenhum dos seus planos
pode ser frustrado.
Quem é aquele, que como disseste,
que sem conhecimento encobre o conselho?
Na verdade, falei do que não entendia;
coisas maravilhosas demais para mim,
coisas que eu não conhecia.
Escuta-me, pois, havia dito, e eu falarei
Eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
Eu te conhecia só de ouvir,
mas agora meus olhos te vêem”.
Jó 42-2 ao 5
E mais:
“Por isso, me abomino
e me arrependo no pó e na cinza”.
Jó 42-6
O silêncio de Deus na vida de Jó fez com que ele entrasse em desespero, assim como nós nos encontramos quando Deus resolve calar-se para nós.
Mal sabemos que o silêncio de Deus é sinal de que ele está agindo em nosso favor. Jesus Cristo poderia ter enviado mensageiros a Marta e Maria para avisar que elas não deveriam se preocupar com Lázaro, pois ele o ressuscitaria. Mas não, Jesus as deixou na expectativa por um tempo para que elas pudessem ver com seus próprios olhos um de seus maiores milagres.
O Senhor poderia ter respondido a oração de Jesus no mesmo instante em que ele pediu para afastar o cálice, mas esse silêncio foi a melhor resposta para a salvação da humanidade.
Jó não tinha dado conta de que tudo aquilo pelo qual ele passou fazia parte de um plano de Deus para que ele tivesse sua fé renovada, além de ter em dobro tudo aquilo que possuía antes.
O silêncio de Deus não é sinal de abandono, e sim de vitória.
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